- Grupo de Educação Multimídia
Mostra de Cinema Trabalho No Brasil
Atualizado: 22 de Out de 2020

No sistema escravista e seu deslocamento para o trabalho livre, a forma de acumulação
da riqueza era o corpo do escravo. Depois de uma fase de exploração da terra, o
corpo retorna, no sistema neoliberal, ao centro da exploração do trabalho por meio da
ideia de serviço. Este argumento se volta para o hibridismo entre a linguagem documental
e ficcional dos filmes que discutem as condições do trabalho relacionadas ao corpo, com destaque para a exploração da mulher, entre outros grupos silenciados historicamente.
Este argumento, que pode direcionar uma seleção de filmes sobre o universo do trabalho
em sentido global, é contudo o mote para que a Mostra Cinema e Trabalho FAETEC/PACC/GEM construa um olhar sobre as transformações do trabalho na história
do Brasil ao longo do século XX e início do século XXI.

LISTA DE FILMES SELECIONADOS PELA MOSTRA:
Encontro com Milton Santos: O Mundo Global Visto do Lado de Cá
Silvio Tendler (2006, 1h29min.) - documentário
Iracema — uma transamazônica
Orlando Senna e Jorge Bodanzki (1975, 1h31min.) - drama
Quanto vale ou é por quilo?
Sergio Bianchi (2005, 1h50min.) - drama
Sonhos roubados
Sandra Werneck (2010, 1h30) - drama
Que horas ela volta?
Ana Muylaert (2015, 1h 54m) - drama
Vida Maria
Marcio Ramos (2007, 8min.) animação/drama
Eletrodoméstica
Kleber Mendonça Filho (2005, 22min.) - drama/comédia
Para quando o carnaval chegar
Marcelo Gomes (2020, 1h 25m) - documentário
Link para baixar o filme: https://bit.ly/37gC1qD

Domésticas
Fernando Meirelles, Nando Olival (2001, 1h 25min) - comédia dramática
A hora da estrela
Suzana Amaral (1985, 1h36m) - drama
Arábia
João Dumans, Affonso Uchoa (2017, 1h 37m) - drama
Link para baixar o filme: https://bit.ly/3lX6rlY

Cabra Marcado para Morrer, Eduardo Coutinho, (1984, 1 h 59 min.) - documentário
Eles não usam Black-tie, Leon Hirszman, (1981, 2h 14 min) - drama
Rio 40 graus, Nelson Pereira dos Santos (1955, 1h40min.) - drama
Vidas Secas, Nelson Pereira dos Santos (1963, 1h55min.) - drama
Alma no olho, Zózimo Bulbul (1974, 11min.) - performance
Trabalhadoras Metalúrgicas, Renato Tapajós (1978, 17 min.) - documentário

LISTA EXTRA DE SUGESTÕES SOBRE O TEMA:
O ABC da greve, Leon Hirszman (1990, 1h 15m) - documentário
Nós que aqui estamos por vós esperamos, Marcelo Masagão (1h13min, 1999) - doc.
Café com canela, Glenda Nicácio e Ary Rosa (2018, 1h42min.) - drama
Bye bye, Brasil, Cacá Diegues (1980, 1h50min) - comédia
O homem que virou suco, João Batista de Andrade (1981, 1h37min.) - drama
Saneamento Básico, Jorge Furtado (2007, 1h52min.) - comédia
Boi Neon, Gabriel Mascaro (2015, 1h41) - drama
Santiago, João Moreira Salles (2007, 1h20min.) - documentário
Estamira, Marcos Prado (2006, 2h01min) - documentário
Abolição, Zózimo Bulbul (1988, 2h33min) - documentário
No país de São Saruê, Vlademir Carvalho (1971, 1h30min.) - documentário
Linha de Montagem, Renato Tapajós (1982, 1h30min.) - documentário
Braços Cruzados, Máquinas paradas, Roberto Gervitz e Sérgio Toledo (1979, 1h19min.)
O som ao redor, Kleber Mendonça Filho (2012, 2h12min.) - drama
Arraial do Cabo, Paulo Cesar Saraceni e Mário Carneiro (1959, 17 min.) - documentário
Barravento, Glauber Rocha (1962, 1h20min.) - drama
Romance da Empregada, Bruno Barreto (1988, 1h30min.) - drama
Quilombo, Cacá Diegues (1984, 2h.) - drama
5 x favela, (Marcos Farias, Miguel Borges, Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hiszman) (1962, 1h30min.) - drama

ENTREVISTA REALIZADA COM SILVIO TENDLER SOBRE O TRABALHO COM CINEMA:
Acesse em:

RESENHAS CRÍTICAS:

HISTÓRIA DESSA MOSTRA:
Baseados em uma metodologia participativa de formação pelo trabalho produtivo, criamos um projeto para organizar uma mostra sobre relações de trabalho.
A proposta surgiu do Laboratório de Leitura da Faetec e do Programa Avançado de Cultura Contemporânea - PACC/UFRJ e aproveitou a metodologia para formação de públicos do Grupo de Educação Multimídia – GEM/UFRJ.
A ideia inicial foi organizar uma curadoria e uma perspectiva crítica sobre o cinema e o universo do trabalho, mas o foco acabou se direcionando para o nacional que tratou do tema trabalho no Brasil.
No entanto, como as relações de trabalho no Brasil dependem, mesmo depois do período pós-colonial, de influxos da dinâmica do capital internacional, foi proposto iniciarmos o projeto com o debate sobre o filme: Encontro com Milton Santos (Silvio Tendler, 2001).
O filme foi debatido coletivamente em contraste com o capítulo inicial do livro “Por uma outra Globalização”, do geógrafo Milton Santos. Essa obra trata do processo de implementação de um projeto neoliberal de globalização que, longe de nos integrar à aldeia global, nos mantinha na posição subdesenvolvida configurada desde o período colonial. A proposta do geógrafo era a de ler tal processo social e histórico como uma fábula e, por outro lado, construir as pontes para uma outra globalização dos direitos e oportunidades em nível global. Sua sugestão inicial era a olharmos o mundo a partir do lugar que nos é atribuído na modernidade e o qual nós próprios nos atribuímos: o lugar de subalternos e dependentes.
Após esse início, estudamos os dois principais sistemas produtivos globais moldados pelo Modo de Produção Capitalista ao longo do século XX: o Fordismo e o Toyotismo (ou sistema de produção flexível). (David Harvey: “A condição. Pós-Moderna”)
No processo de discussão dessas e de outras ideias adjacentes, selecionamos os filmes que dialogavam com o argumento para a mostra, que foi reconstruído e refinado processualmente ao longo dos encontros virtuais desde o início do projeto.
Hoje temos um argumento elaborado e uma seleção de filmes sobre a exploração e as lutas pela resistência dos trabalhadores à perda de seus direitos ao longo da história pós-colonial brasileira. É esta curadoria sob a perspectiva de um argumento que aponta para um momento de retrocesso político sem precedentes na nossa história.
Apresentaremos este argumento e a seleção para nossos visitantes virtuais. Além dessa mostra eletrônica, pretendemos realizar uma edição física assim que a abertura das escolas for reestabelecida.
